Meados dos anos 90, eu tive o prazer de trabalhar numa empresa de roupas para cowboy, ou, "Looks Country", como preferirem. Não citarei o nome da empresa e tão pouco o nome do diretor, mas chamarei a loja de "W" e o diretor de Sr. MK. A marca "W" era muito influente na época, principalmente na época dos rodeios. Nas cidades como Piracicaba, Itapecerica, Americana, Barretos e Jaguariúna, as pessoas eram quase que obrigadas a vestirem a marca "W", já que era umas das poucas lojas especializadas neste setor. 

Quando o cliente entrava em umas das lojas, já se identificava com a roupa, as botas, os cinturões de couro, as fivelas personalizadas e é claro, as músicas de cowboy que tocavam 12 horas por dia. Os gerentes tinham que tocar músicas do estilo Country ou Sertanejo, já pré-gravadas num CD-ROM especialmente para a loja.

Certa vez, o diretor da empresa, Sr. MK, pediu para que eu o acompanhasse até umas das lojas da rede, que ficava no centro da cidade (Barão de Itapetininga). Era a maior loja da rede, prédio com 3 andares de puro country. E por coincidência, era a loja  que estava na última posição do ranking de vendas. Fomos até lá para saber o motivo.

Quando chegamos, o Sr. MK ficou olhando a vitrine, depois subiu até o estoque, desceu para loja, elogiou a performance das vendedoras e deu a seguinte sugestão para a gerente:

- Por que não colocamos umas redes de descanso aqui no centro da loja, alguns cocos verdes pendurados no teto, estátua de cangaceiro logo na entrada e até oferecer carne-seca (jabá) para os clientes?

A gerente, inteligente como era, respondeu:

- Porque esta é uma loja de roupas para cowboy e não loja de produtos nordestinos…

Sr. MK ficou vermelho, roxo e depois de alguns segundos, perguntou:
- Então, porque cargas dágua esta loja está tocando forró?

A gerente ficou vermelha, roxa (talvez para puxar o saco do Sr. MK) e respondeu:

- É que eu acho a música country tão chata. Então resolvi trazer uns CDs de forró para tocar…

Sr. MK não respondeu nada, apenas anotou no relatório que o motivo dos clientes não entrarem na loja, era que o estilo de música escolhida pela gerente, não era condizente com o estilo da loja. Seria, como se fosse nos dias atuais, uma loja infantil tocando Planet Hemp (até curto algumas músicas).

Resumindo: Não sei o que aconteceu com a gerente, mas a loja voltou a tocar as músicas do estilo country e por coincidência ou não, ela voltou a ocupar o ranking das lojas que vendia mais. E a rede tinha 18 lojas!